Turismo impulsiona retomada econômica seis meses após pior enchente do RS; serra gaúcha investe em festas
04/11/2024
Setor de turismo representa 4% do PIB do estado. Cerca de um 1,5 milhão de visitantes são esperados em Gramado e Canela neste fim de ano. Retorno do turismo no RS após enchente
Reprodução/ RBS TV
Hotéis, vinícolas e destinos tradicionais do Rio Grande do Sul sentem o alívio da retomada do turismo seis meses depois da pior enchente já registrada no estado. O setor celebra o retorno dos visitantes – em especial, após a reabertura do aeroporto Salgado Filho – e a reativação das atividades no segmento, essenciais para a economia local.
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O turismo representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. O indicador mede os bens e serviços produzidos em um determinado local durante um período.
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As vinícolas da serra gaúcha, que sofreram uma queda de até 90% no movimento desde as cheias, começam a notar o retorno dos turistas. Conhecida por atrair de outros estados 70% de seus visitantes, a região dos vinhedos agora observa com otimismo a formação dos primeiros cachos de uva, prenúncio de uma safra promissora para o setor vitivinícola e turístico.
"A vindima [período de colheita das uvas] é belíssima. Agora pega os meses do verão, janeiro, fevereiro, é lindo demais, fica um cheirinho de uva, de vinho pelas ruas daqui do vale, é lindo, é único", relata Gabriela Jornada Schimitz, sócia-proprietária de uma vinícola.
A região dos vinhedos observa a formação dos primeiros cachos de uva
Reprodução/RBS TV
O período também marca o início das celebrações de fim de ano, quando os municípios de Gramado e Canela lançam uma programação de Natal que se estende por três meses, esperando atrair cerca de um 1,5 milhão de visitantes.
O movimento crescente nas festividades de Natal na serra gaúcha, onde espetáculos diários e uma decoração luminosa já encantam o público, leva os hotéis, que desde maio vinham operando com uma taxa média de ocupação de 35%, a projetar uma ocupação acima dos 70%, com expectativas de atingir 75% nas próximas semanas.
"Eu amo aqui esse lugar, é lindo, principalmente o Natal Luz. Ajudamos como pudemos de lá do Espírito Santo. Mas assim, estamos aqui agradecendo a Deus por ter renovado isso tudo aqui", relata a turista Maria da Paixão.
Natal em Gramado
Reprodução/RBS TV
O setor hoteleiro, inclusive, vem retomando contratações, como o caso de uma pousada em Canela que recontratou funcionários, triplicando a equipe.
"A nossa expectativa é imensa, de que eles retornem, de que a gente possa receber. Nós estamos com o coração cheio de amor só esperando que eles voltem, voltem para cá, venham ver tudo que a gente fez", diz a empresária Mona Opptiz.
Pousada em Canela
Reprodução/RBS TV
Desafios
No entanto, os danos causados pela enchente ainda impactam o setor turístico, que estima um prejuízo superior a R$ 1 bilhão na região de Gramado e Canela.
A tragédia climática do mês de maio deixou 183 mortos e 27 desaparecidos, segundo informações da Defesa Civil do Rio Grande do Sul.
"Nós já sentimos uma boa melhora nas vendas para o mês de novembro, para o mês de dezembro elas estão realmente aquecidíssimas. Então, na última semana tivemos uma grande procura e acreditamos que daqui para frente, os meses de janeiro, fevereiro, março, vão começar a entrar dentro da normalidade e teremos aí um grande ano em 2025", comenta o presidente da Sindtur Serra Gaúcha. Cláudio Souza.
Rio Grande do Sul se prepara para temporada de turismo, seis meses após enchentes
O turismo vem sendo promovido por uma campanha nacional, posicionando o Rio Grande do Sul como um destino turístico destacado no Brasil, valorizando a diversidade de suas regiões.
"Apesar de termos enfrentado um momento difícil, estamos com os nossos parques em condições, pousadas, hotéis, todo o receptivo em condição de atender", relata o governador Eduardo Leite.
Segundo o governador do estado, "o turismo sofreu muito no momento imediato das chuvas". De acordo com ele, o setor se sustentou a partir do turismo vindo das proximidades: "por excursões, por meio rodoviário, por ônibus".
O Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha) acredita que a retomada será gradativa, normalizando a entrada de passageiros no estado. Para a associação, o cenário é otimista para a volta do movimento de turistas, tanto na capital como no interior do estado.
Igreja em Gramado
Reprodução/RBS TV
Novidades na Serra para a retomada
Os empreendimentos turísticos da serra gaúcha estão investindo em novidades e experiências para atrair visitantes e fortalecer a retomada do setor. Com a chegada da temporada de Natal, a região se prepara para um fluxo maior de turistas, apostando em tecnologia, interatividade e ofertas exclusivas.
Um dos destaques é um parque temático com mais de 30 anos que aproveitou o período de baixa visitação para remodelar suas atrações. Agora, os visitantes podem experimentar uma imersão total no clima natalino, com mais tecnologia e interatividade.
"O projeto começou a ser desenvolvido no início do ano e colocamos como meta estar aberto neste Natal", afirma Renato Fensterseifer Junior, consultor do parque, que está pronto para receber o público com a nova proposta.
Parque temático em Gramado
Reprodução/RBS TV
As fábricas de chocolates artesanais também se reinventaram. Com a reprogramação das viagens de muitos turistas, as empresas apostaram em novas linhas especiais de produtos para o Natal.
"As lojas estão preparadas, a cidade toda está enfeitada, e temos muitas novidades em chocolates", afirma o presidente de uma das principais fábricas, Fabiano Contini, otimista com a expectativa de aumento nas vendas.
Uma agência de viagens local decidiu apostar em uma estratégia para atrair clientes: oferecer passeios cortesias por Gramado e Canela, além de lançar um roteiro exclusivo pelas fábricas de chocolates.
"Com os voos de volta, as pessoas têm mais segurança e opções para chegar ao Rio Grande do Sul. Ainda temos vagas na hotelaria e muitas oportunidades de compra de passagens aéreas de última hora para a temporada de Natal e para o primeiro semestre de 2025", destaca Adriane Brocker, CEO de uma agência.
Passeios por Gramado e Canela
Reprodução/RBS TV
A inovação também chegou aos parques de entretenimento e esportes. Em um deles, os visitantes agora podem jogar basquete em realidade virtual.
"Estamos confiantes de que este Natal ajudará a recuperar as perdas. Teremos um movimento muito bom e esperamos fechar 2024 com números bem próximos do que seria a realidade pré-enchente", comenta Corália Maslinkiewicz, gerente comercial e de marketing do parque.
Parque, em Gramado, inova em jogos de basquete com realidade virtual
Reprodução/RBS TV
Outro empreendimento da região é um parque de bondinhos que leva os turistas a uma vista privilegiada de uma cascata. O local está passando por obras de ampliação e promete inaugurar uma nova atração até o final do ano.
"Com a reabertura do aeroporto, nossa expectativa é que o movimento triplique nas próximas semanas", afirmou a gerente do parque, Janice de Castilhos, reforçando o otimismo com a retomada do turismo.
Bondinhos em Canela, no RS
Reprodução/RBS TV
Reabertura do Aeroporto Salgado Filho
Após mais de cinco meses, o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, voltou a receber voos comerciais no dia 21 de outubro. De acordo com a Fraport, concessionária do terminal aeroportuário, a capacidade total atual é de receber até 128 frequências domésticas diariamente, com cerca de 12 operações por hora, entre 8h e 22h.
Primeiro voo comercial chega ao Aeroporto Salgado Filho, cinco meses após terminal ser fechado por enchente
RBS TV/Reprodução
A impossibilidade da realização de voos comerciais a partir da Capital trouxe amplas consequências econômicas ao Rio Grande do Sul, de acordo com levantamentos. O setor industrial gaúcho, por exemplo, perdeu cerca de 11,5 mil empregos entre os meses de maio e junho, conforme dados apontados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
"Quando a gente consegue reabrir o aeroporto, a gente aproxima essas regiões todas do turista de mais longa distância, que fica mais tempo e acaba também gastando mais", diz Eduardo Leite.
Avião ilhado no Aeroporto de Porto Alegre nesta segunda-feira (6).
Diego Vara/Reuters
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) aponta que houve uma queda de 38,5% no fluxo comercial que passa pelo aeroporto de Porto Alegre no primeiro semestre de 2024, se comparado ao mesmo período do ano passado.
Para o gerente de um hotel na região serrana, a reabertura do aeroporto gera boas expectativas.
"Nos traz esperança de que a gente realmente possa finalizar o ano com uma cidade lotada, com os hotéis cheios, com os restaurantes movimentados e que a gente possa realmente fazer o que a gente sabe fazer de melhor, que é acolher todo o povo e trazer experiências incríveis para todos", diz Anderson Herold.
Nos primeiros seis meses deste ano, segundo a FIERGS, o Salgado Filho movimentou US$ 108,1 milhões em produtos, dos quais US$ 16,6 milhões foram em exportações e US$ 91,5 milhões de importações, o que representa uma queda de US$ 67,6 milhões, ou R$ 381,2 milhões, na cotação atual. O terminal de cargas do Salgado Filho foi reaberto em junho, mas apenas para acesso rodoviário.
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